terça-feira, 28 de março de 2023

O Califa Cegonha

               

     Neste post quero compartilhar com você, uma das fábulas que marcou minha infância e que ajudou a despertar o meu interesse pela leitura, em especial a literatura de fantasia, O Califa Cegonha.

   Esta fábula me faz lembrar que mesmo em um mundo de alta tecnologia, ainda existe prazer em ler e contar historias. Espero que gostem!

O Califa Cegonha 


Um belo dia, o califa Kasside e seu vizir compram de um vendedor ambulante uma tabaqueira cheia de um pó misterioso, com uma nota escrita em latim. O erudito Selim lê a tal nota, onde se diz que aquele que cheirar esse pó e pronunciar a palavra mutabor* se transformará num animal de sua escolha. Mas não se deve rir depois da transformação, pois senão a palavra será esquecida e será impossível voltar a ser homem. O califa e o vizir transformam-se em cegonhas; seu primeiro encontro com outras cegonhas provoca-lhes riso. A palavra é esquecida. As duas cegonhas, o califa e o vizir são condenados a permanecer para sempre como aves. Voando sobre Bagdá, veem uma agitação nas ruas e ouvem gritos que anunciam que um tal de Mizra tomou o poder. Este último é o filho do mago Kachnur, o pior inimigo de Kasside. As cegonhas voam até o tumulo do profeta para lá se livrarem do encantamento. No caminho, param numas ruínas para passarem a noite. Ali encontram uma coruja que fala a língua dos homens e lhes conta a sua história. Era a filha única do rei das Índias. O mago Kachnur, que a pedira inutilmente em casamento para seu filho Mizra, depois de ter-se introduzido no palácio disfarçado de escravo, deu à princesa uma poção mágica que a transformou em coruja e, em seguida, a transportou até aquelas ruínas, dizendo-lhe que continuaria sendo coruja até que alguém aceitasse casar com ela. Por outro lado, ela havia ouvido quando criança uma predição segundo a qual a felicidade lhe seria trazida pelas cegonhas. Ela propõe ao califa indicar o meio de se livrar do encantamento, com a condição de que ele prometa casar com ela. Depois de alguma hesitação, o califa consente, e a coruja o leva ao aposento onde os magos se reúnem. Lá o califa surpreende a narrativa de Kachnur, em que reconhece o vendedor ambulante: este conta como conseguira enganar o califa. Essa conversa devolve ao califa a palavra esquecida: "mutabor". Ele e o vizir tornam-se homens de novo, a coruja também, e todos voltam a Bagdá, onde se vingam de Mizra e de Kachnur. 

* "Serei mudado", em latim.

Um comentário:

PECUAPÁ

*Lançada no abismo, este foi fechado e selado, proibindo-a de enganar as nações até o cumprimento de mil anos. Antes de se tornar um mendigo...