sábado, 16 de julho de 2022

Introdução à Linguística - II (resumo)

Bibliografia:

Introdução à Linguística Vol. I e II (Amazon). Para Comprar os livros clique nas imagens abaixo.

 


Para ler a primeira parte clique aqui.

 Jakobson e a comunicação humana

  A comunicação humana se desenvolve basicamente em um esquema de: remetente envia mensagem à destinatário. Mas para uma mensagem ser compreendida é necessário que ela cumpra certos requisitos:

Contexto identificável pelo destinatário;

Código/linguagem mútuo entre remetente e destinatário;

Canal que permita que mensagem do remetente seja transmitida ao seu destinatário.

  Toda mensagem tem um objetivo específico, criando, assim, diversas funções para a linguagem. Jakobson define 6 dessas funções.

Função referencial: transmite informação objetiva sobre o contexto, apresentando características como uso da terceira pessoa e não utilização de adjetivos subjetivos.

ex: jornalismo.

Função emotiva: foca na externalização das emoções e impressões do remetente.

ex: artigo crítico ou de opinião.

Função conativa: foca no destinatário e busca influênciar ele à alguma ideia.

ex: propagandas.

Função fática: estabelecimento do contato, iniciando, testando e terminando.

ex: dizer “Bom dia” para chamar a atenção de alguém e iniciar dialogo.

Função metalinguística: usa a linguagem para se referir à linguagem.

ex: verbete de um dicionário

Função poética: consiste no foco da forma da mensagem (recursos estéticos).

ex: literatura no geral, mas principalmente a poesia.

Fonologia e Fonética

Fonologia

  Estuda os elementos mínimos de som que possuem característica distintiva. Se ”a” não é igual à ”b”, logo, não é ”b”, é algo diferente de ”b”. Essa é a característica distintiva.

Fonema, fone e alofone

  Assim como a morfologia, na fonologia, há um elemento abstrato e outro concreto. O fonema é o som que tem valor distintivo, sendo mero conceito abstrato. O fone é o elemento concreto, a realização em si do som.

  No português brasileiro existe a oposição entre os sons /p/ e /m/, sendo então, dois fonemas. Isso é visto pela variação de palavras quando se muda esses sons em um ambiente igual, por exemplo nas palavras morta [’morta](pessoa que morreu) e e porta ['porta]


  Quando duas palavras numa determinada língua dependem de um só fonema para distinguir o seu significado, elas são chamadas de pares mínimos.

  Logo, os fonemas precisam necessariamente dar origem a diferentes significados quando variados. Mas eles podem ter diferentes variações sonoras sem ocorrer troca de significado. Essas variações são chamadas alofones, são os diferentes fones (sons) que um mesmo fonema pode ter sem alterar seu significado na língua. É o caso das consoantes róticas das diferentes variantes do português brasileiro, a palavra morta a depender da região tem diferentes formas de ser pronunciada:

RJ: [’mɔxtɐ] (fricativo velar)

SP: [’mɔɾtɐ] (tepe alveolar)

SP (interior): [’mɔɽtɐ] (tepe retroflexo)

  No entanto, essas diferentes formas não causam confusão na compreensão do que o falantequer expressar, em todos os casos, a palavra continua significando a mesma coisa: alguém que não está mais vivo.


Fonética 

   A fonética estuda os sons da fala, suas realizações concretas e perceptíveis sensorialmente. Os sons das línguas humanas se segmentam em dois grupos: dos consonantais e vocálicos. Os consonantais são os sons que para serem produzidos precisam de algum tipo de obstrução na passagem do ar, diferente dos vocálicos, que são os sons realizados pela passagem não interrompida do ar. Há ainda o glide que se refere ao sons que não se encaixam em nenhum dos dois grupos.

Descrição dos segmentos consonantais

  Para descrever os segmentos consonantais é preciso saber o modo em que os articuladores agem, a localização deles (articuladores atuantes da ação) e o estado da glote (se está vibrando ou não). A notação segue o seguinte esquema:

modo de articulação + lugar de articulação + grau de vozeamento

Os modos de articulação (como os articuladores se relacionam e fazem a passagem do ar):


• oclusiva - obstrução completa; passagem do ar pela cavidade bocal. Ex: [ p ] e [ b ]

• nasal - obstrução completa; passagem do ar pela cavidade nasal. Ex: [ m ] e [ n ]

• fricativa - aproximação dos articuladores; fricção do ar. Ex: [ ʃ ] e [ ʒ ]

• africada - obstrução completa do ar no inicio; fricção do ar. [ tʃ ] e [ dʒ ]

• tepe - toque rápido do articulador ativo. [ ɾ ]

• vibrante - múltiplos toques rápidos pelo articulador ativo. [ r ]

• retroflexa - curvamento da ponta da língua ao palato duro. [ ɽ ]

• lateral - obstrução central do ar; passagem do ar pelas laterais.

[ l] e [ ɭ ]

Os locais de articulação (articulador ativo “quem toca” + articulador passivo “quem é tocado”):

• bilabial - lábio inferior + lábio superior. [ m ] e [ b ]

• labiodental - lábio inferior + dentes superiores. [ f ] e [ v ]

• dental - lâmina da língua + dentes superiores (face interna). [ d ] e [ t ]

• alveolar - lâmina da língua + alvéolos. [ ɾ ] e [ n ]

• alveopalatal - anterior da língua + parte medial do palato duro. [ ʃ] e [ ʒ ]

• palatal - medial da língua + parte final do palato duro. [ ʎ ] e [ ŋ ]

• velar - posterior da língua + palato mole. [ k ] e [ g ]

• glotal - músculos da glote. [ h ]

[ ɾ ] (tepe alveolar) - Famigerado erre de paulista, é o erre de ”barato”;

[ r ] (vibrante alveolar) - O tão odiado erre de paulistano da Faria Lima (fonte de grandes piadas), é o erre de ”ORRA MEU”;

[ ɽ ] (tepe retroflexo) - O erre padrão do bom caipira (ser humano que habita as regiões longínquas de São Paulo)

[ h ] (fricativa glotal) - Não, esse não é o erre de carioca, é o erre do mineiro. Aquele erre de ”carro”.

[ x ] (fricativa velar)- presente no sotaque carioca.

Morfologia

    Sendo breve, a morfologia estuda a estrutura das palavras, suas unidades básicas significativas, definindo-as e descrevendo-as. E tem-se como objetivo também o estudo e delimitação das diferentes classes de palavras de determinada língua.

Morfema, morfe e alomorfe

   Na morfologia, os morfes são as realizações concretas, e os morfemas, são as representações mentais que diferenciam e distinguem os morfes substancialmente. Ou seja, o morfema é o elemento que distingue em significado, enquanto que o morfe é a representação em si desse significado.

Os morfemas podem ser divididos em dois grupos:

  - Morfemas lexicais (radical): dão a significação base à palavra;

  Morfemas gramaticais (afixo): atuam como elementos que permitem a criação de novas palavras (ex: infeliz = in + feliz) e também agregam flexões à palavra (gênero, número, modo e pessoa).

  O morfema como um portador de significado, pode ter sua representação variável, ou seja, dois ou mais morfes diversos podem carregar um mesmo significado. Esse evento se chama alomorfia e pode ser facilmente visto quando analisamos diferentes verbos.

Verbos ANDAR e COMER (3.ª pessoa do plural no pretérito imperfeito)

Eles andavam | Eles comiam

  Ao analisar os morfemas modo-temporais dos dois verbos fica nítido a diferença gráfica/representativa entre eles, diferindo do significado que não se altera, continuando como algo que indica e altera o verbo para um ”costume do passado”.

  Esse evento ocorre também na raíz de uma palavra, como é o caso de limão e limonada. Em limonada, a sua raíz original, limão, tem sua representação alterada para limon. O significado, tal como no exemplo anterior, continua o mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PECUAPÁ

*Lançada no abismo, este foi fechado e selado, proibindo-a de enganar as nações até o cumprimento de mil anos. Antes de se tornar um mendigo...